Precisão de Precipícios

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Ecio Duarte

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Autor: Ecio Duarte
Ano: 2023
Gênero: Literatura Brasileira, Poesia
ISBN: 9786556112381
Páginas: 82
Selo: Birrumba

Descrição

Que arte sustenta a alma goiana?

A vida é plena de boas surpresas e que bom ler, sentir e poder falar, mesmo com meus limites para tal, sobre a poesia madura de Écio Duarte. Repito que me considero apenas um letrista e pouco consigo avaliar o conteúdo crítico acerca de poesias e poetas. Posso, no máximo, conversar sobre o sentimento contido nos poemas, o que já me comove e sensibiliza. Afirmei ao nosso autor, depois de ler seus poemas, que não encontrava razão para ele ter necessidade alguma de letristas, uma vez que tinha tudo para compor letra e música. Me respondeu, entre risos, que eu mesmo fazia uma diferença entre a letra e a poesia. Tive que aceitar.


Os poemas de Écio Duarte são, em sua maioria, de temas amorosos, sejam em português ou castelhano, alguns feitos em Barcelona por ocasião de seu doutoramento na terra de Galdi e de tantos outros dínamos da arte e da cultura. Domina bem o idioma, inclusive muitos poemas soam, naturalmente, musicais, a exemplo de Telepatias e Um Olhar. Sorriso Moreno é um bom exemplo, relembrando a cantiga “vou contar para o seu pai que você namora”, aproveitada também por Renato Teixeira em uma de suas obras. Écio adequa: “a menina que gosta de pequi me contou que você namora”, criando uma identidade do cerrado no poema amoroso. Em Você me Deu, temos mais um poema em exata forma de letra de música: “Todas as minhas canções/ tentaram cantar emoções/ roubaram do meu coração/ a inutilidade da ressurreição”. Écio Duarte precisa pouco dos letristas!


Temos variados temas que passam pelas ruas de Goiânia, escrito em Uberlândia, caminha pela solidão arrodeada em família, dedicada ao neto Benjamim, seu mensageiro da luz. O poema jorra sentimentos, e se encarna visceral, citando a Capital do Sertão: “as marcas da mulher amada/no primeiro encontro paralelo/ com o amarelo das ruas de Goiânia”. No rol dos mistérios, Um Cheiro de Ar, onde “Elfos salpicam de estrelas o capim dourado do Jalapão”. As cidades e os lugares são inspirações para o amor.


Há uma busca de identidade várias vezes expressa nos poemas. Viajei o mundo, mas vivo no meu quintal. Afinam o que é ser Goiano para nosso poeta? Como se denominaria esse matuto macunaímico que vive entre o sertão de Guimarães Rosa e as Veredas de Carmo Bernardes? Esse ET transformista, misto de agrário e urbano, roça e cidade, curral e concreto? Nós de Goiás que por tanto tempo vivemos à sombra da História definida pelo centro-sul do país, quem somos, ou melhor, o que nos tornamos? Podemos ser traduzidos por um poema, estamos presentes nas páginas identitárias de Écio Duarte? É possível se pensar a Mineiridade através de uma construção ideologicamente traçada, como bem demonstram alguns estudos sobre o tema, bem como por meio de uma cultura política marcada e referendada pelo aval nacional. É possível detectar a Nordestinidade através da redoma do cerco e da cerca em torno da miséria local e de muitas, muitas lutas no campo. É mais que possível entender a hegemonia do centro-sul por sua preponderância econômica e política no cenário nacional, determinando um poder aceito e absorvido pelo país afora. Mas e a Goianidade? A poesia nos conforta e nos ajuda nessas páginas de amor sutilmente grafadas a entender que povo somos, que poemas e música fazemos, que arte nos sustenta a alma.