O homem na dança de salão:visões, percepções e motivações

Não cruze as pernas! Não chore! Não fale no! Não mexa muito as mãos! Seja rme e reto! São algumas interdições que cumprem serem destacadas no processo de aculturação dos homens em sociedade. João Junior, com considerável perspicácia, nos revela os mean - dros da construção da identidade masculina de homens frequentadores dos salões de dança da cidade do Rio de Janeiro. Investigando em três diferentes locais onde acontecem esses bailes, o autor nos descortina um mundo composto de “homens de verdade” ou cavalheiros, que aançam suas damas com notável destreza e sedução pelos lotados salões cariocas. Sua sensibilidade analítica encontra eco na capacidade com que o mesmo reuni reexões acadêmicas com aquelas desenvolvidas no campo artístico de forma uníssona. Em termos teóricos, o livro consegue capturar um conjunto expres - sivo de conhecimentos acumulados pela teoria social acerca do tema, associados à notável pesquisa empírica baseada em idas e vindas exaustivas nesses salões. A percepção que extraímos do livro é que a dança de salão é um importante espaço pelo qual se realizam diferentes formas de masculinidades. Trata-se de uma obra singular que nos auxilia na compreensão do fenômeno da mas- culinidade nos marcos da sociedade complexa, da qual fazemos parte.
Thiago Soliva – Sociólogo