Essa não é uma canção de amor

Descrição

APENAS ROCK N’ ROLL O começo do século XXI seria, enfim, a chegada do futuro. Em meio às promessas de curas, paz entre países até então conflitantes por territórios ou religiões, pretensos avanços tecnológicos e a diminuição da distância entre as pessoas, a letargia se alastrou como uma praga pelos confins da sociedade. Não seria diferente tal fato no espectro musical. Carregando um fardo do século passado, ou seja, a cultura do descarte, o século tão esperado pela humanidade narrou seus passos como se caminhasse para o lado. A música se ressentia da paixão deixada para trás ainda nos anos 90. Ídolos de barro eram moldados e jogados fora como chicletes sem sabor. A juventude não se via mais como protótipo da rebeldia. Era feio discordar dos pais. Nunca o cabelo dos jovens foi tão curto como no começo do ano 2000. 

FAÇAMOS O CAMINHO No interior do Rio Grande do Sul tal fato não era diferente. Mas Luan Lemos não queria apenas seguir a marcha da insolência juvenil daqueles tempos. Ele queria destruí-la. E, como faziam os jovens antigamente, buscou a realização do seu intento por meio da música, talvez a maior forma de expressão cultural em todos os tempos. Seria tal garoto o dono do caos. Mas o caos não pode ser esculpido solitariamente. Seria necessário mais que duas mãos e um grito para mexer com toda uma geração. E ele sabia disso. 

BUSCA PELOS COMPARSAS Um crime perfeito preciso dos comparsas perfeitos. Ricardo era amigo de Luan desde a infância. Também apaixonado por rock, era o parceiro de Luan na aventura musical proposta pela história. Influenciados pelo rock, Luan e Ricardo deixaram seus batismos para trás e tornaram-se Cash e Rick, voz e guitarra da futura banda. Juntos, eles conquistaram os corações e ouvidos da juventude brasileira tomando a cena roqueira tupiniquim de assalto. A dupla se juntou a Carlão e Nando Mattos, respectivamente bateria e baixo, e assim formou a banda Ondas Salinas, transformando a letargia vigente naqueles tempos em uma volta ao passado, quando a rebeldia era jovem e de traços debochados. 

O PREÇO DO CAOS Todo ato traz uma conseqüência. Ser rebelde é um crime que não busca perdão. Os “quatro bandoleiros”, mais o empresário Valter Volpi, pagaram o preço por suas atitudes exageradas, pelo desejo de liberdade, pela lealdade formada entre eles e todos os pormenores que a vida na estrada traz para uma banda de rock. O amor de Cash por Milara, sua musa inspiradora, os conflitos com os pais, polícia e qualquer um que tentasse cercear sua liberdade estão expostos na narrativa Essa Não é Uma Canção de Amor, construída não somente para quem anseia por uma boa história, mas também para quem ama boa música. Bons garotos nunca tocaram rock n’ roll. E Cash, definitivamente, nunca tentou ser um bom garoto. As armadilhas, a paixão, o caos, tudo aflora não somente na descrição de sua personalidade, mas nas linhas que contam a história. Aumente o som, abra o livro e divirta-se! É apenas rock, mas é isso que nós adoramos.