Diário de uma UTI

Descrição

A obra permite acompanhar o retorno às memórias de infância, de adolescência, da fase adulta; os eventos traumáticos, os dilemas, o enfrentamento de preconceitos durante a trajetória, os pedidos de desculpas, as homenagens feitas e recebidas, a esperança de dias melhores, a redescoberta de si, o autoconhecimento, o abandono e o encontro da fé. No momento, mesmo com os movimentos do lado esquerdo do corpo debilitados, a equipe médica sugeriu o exercício do cérebro, havendo um debruçar sobre mim e minha própria história, observando todos os dias na UTI Lilás do Hospital do Rocio, em Campo Largo/PR, fazendo amigos, sofrendo com a partida dos pacientes, comparando o setor da saúde com o da educação, acompanhando a repercussão real da sociedade brasileira, aqui fora, a partir daquele espaço, tais como as eleições presidenciais do segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, o machismo, o feminismo, o racismo, a homossexualidade, a saudade, a solidão, as insalubres condições de trabalho dos que estavam naquele local. O corpo e a mente foram perpassados pelo que chamei de hiato, de intervalo entre a vida e a morte que fez pensar, filosofar sobre a vida. Aquele momento em que o cérebro desligou e voltou e a ânsia por viver tornou-se uma constante. Nesse período o processo foi de consequências: reabilitação com medicamentos, alimentação, fisioterapia, entre outros. Além disso, o tão aclamado sonho da bolsa sanduíche nos Estados Unidos, durante do Doutorado em História, na Universidade Federal do Paraná, deixou de existir e o afastamento da sala de aula também foi necessário. Apesar disso houve aproximação e carinho dos amigos e da família, descoberta e redescoberta de afetos, outras conquistas. No decorrer desses anos sequelas aconteceram: apagões, crises convulsivas crônicas, mancha inextraível na visão. Lidar com tudo isso tornou difícil os relacionamentos, o trabalho, a conclusão das pesquisas, promovendo inclusive aumento do quadro de bipolaridade e de alcoolismo. Contudo, esta obra está sendo publicada porque fiz uma promessa em 2014 e ela se concretizou em 2022: ocorrência do processo de embolização da Má Formação Artéreo Venosa que provocou o AVC e mantinha o quadro posterior. A esperança daqueles dias melhores lá de 2014 parecem ter se efetivado 8 anos depois. Tendo, o “Diário de uma UTI” sendo escrito com muito sentimento, convido a você, leitor, a mergulhar comigo neles. Talvez você se identifique, talvez julgue, talvez não entenda muito do que se passou naquele momento, talvez você tenha visto coisas parecidas, talvez você sinta raiva, talvez você tenha a oportunidade de juntos nos tornarmos mais humanos. Afinal, não sou e nem penso inteiramente da mesma maneira de 2014 e você possivelmente também não. Então, te convido a ler e reler esses dias, essa experiência de vida!