Deixa os garotos brincar
Gustavo Coelho
O que Gustavo Coelho escreveu em seu primeiro livro não mostra,
de forma nenhuma, as fragilidades comuns a um "livro de estreia".
Ao invés de tentar encontrar algum lugar argumentativo seguro,
um dos problemas e desafios mais centrais (embora quase sempre
repetindo referências exuberantes para as autoridades intelectuais),
ele corajosamente e com sucesso confronta, em seu primeiro livro,
escondido) da cultura contemporânea. Gustavo Coelho, em "Deixa
Os Garotos Brincar", desenvolveu, acompanhando jovens em suas
manifestações estéticas marginais, uma nova fenomenologia
da "multidão", do "bando", uma fenomenologia que revisa
e reabilita este conceito, o qual, desde o começo do século XX, foi
objeto de agressivas e condescendentes condenações.
Entre pichadores, torcedores de futebol, bate-bolas e funkeiros,
"Deixa Os Garotos Brincar" lida com dois aspectos que foram
tradicionalmente considerados defeitos existenciais à noção
normativa de vida, delineada pelo legado do Iluminismo. Esses
aspectos são, por um lado, a fuga da subjetividade e do absoluto
arbítrio individual em uma multidão, e por outro, a tendência dos
bandos para a violência. Ativando motivos de uma nova discussão
contemporânea sobre a "estética filosófica", Gustavo Coelho mostra
que, hoje, esses aparentes defeitos e problemas podem ter se
transmutado numa energia, em um poder coletivo, que talvez
possam ser considerados "revolucionários" sem serem
necessariamente "políticos" no sentido convencional do termo.
Hans Ulrich Gumbrecht
Albert Guerard Professor em Literatura
Stanford University
Autor:
Gustavo Coelho
Ano:
2016
Gênero:
Acadêmico
ISBN:
978-85-5996-280-2
Páginas:
308
Selo:
Luminária