Contos D'Amanhã
Marco Tsuyama (Gunga)
Um aspecto relevante da obra é que não há nenhuma peça catastrófica, mas o cenário vai se desenhando, pelo conjunto da obra em condições cada vez mais difíceis. O autor colocou os contos/crônicas em uma ordem progressivamente distópica, começa, por exemplo, com uma reação de altos executivos a uma eleição (uma realidade bem próxima da atual) e termina com uma reação de um vigia de muralha que, embora futurístico, faz referência às muralhas medievais. Daí o título do conto que brinca com referências antigas em um contexto futurístico.
Nesse sentido, é interessante notar também que, na concepção do autor, as dificuldades climáticas, antes de causar problemas catastróficos universais, vão, por conta dos impactos sociais, minando as instituições e os paradigmas tidos como universais atualmente, retomando-se ideias e concepções baseadas apenas na crença fundamentalista. De algum modo já podemos observar esse tipo de manifestação no questionamento do formato terrestre, das vantagens da democracia, da eficácia das vacinas, e das próprias mudanças climáticas. Ao ler a obra, tem-se a ideia de que isso só vai piorar. E certamente foi isso que o autor quis mostrar.
Autor:
Marco Tsuyama (Gunga)
Ano:
2024
Gênero:
Contos. Literatura brasileira
ISBN:
9786556112916
Páginas:
114
Selo:
Multifoco