As Armas e as Letras: A Guerra do Paraguaí na memória oficial do Exército Brasileiro (1881-1901)

Descrição

Não é de hoje que o problema da memória está na agenda do pensamento ocidental. Desde Aristóteles, passando pela teologia medieval e chegando até os modernos, como Bergson, Halbwachs e Paul Ricoeur, autores das mais diversas matrizes teóricas se debruçaram sobre os mecanismos de representação do passado. Em meio a toda essa discussão, uma formulação se tornou lugar comum: as perguntas que fazemos ao passado são motivadas, sobretudo, pelas angústias que marcam nossa situação presente. É exatamente esse o eixo analítico desse livro, que foi apresentado em 2011 ao Programa de Pós Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de janeiro sob a forma de uma dissertação de mestrado. Meu objetivo foi investigar a atuação política do Exército brasileiro em um momento fundamental da nossa história: a crise do regime monárquico e a consolidação da ordem republicana. Entre as diversas formas possíveis de tratamento desse assunto, escolhi o problema da memória da Guerra do Paraguai. Estive interessando fundamentalmente na compreensão das práticas rememorativas desse evento no discurso oficial do Exército entre 1881 e 1901. Após um intenso exercício de leitura, análise e escrita cheguei à conclusão, e esse é o único resultado desse trabalho que pode ser chamado dessa forma, de que essa memória, em nenhum aspecto, foi homogênea. A construção da memória oficial da Guerra do Paraguai foi marcada pelo embate entre versões rivais que foram construídas ao sabor dos conflitos entre os militares, que estavam segmentados em diversos grupos, e a sociedade civil que, por sua vez, era igualmente heterogênea. 

-Rodrigo Perez