A cor e o corpo: Uma história feminista do samba e do carnaval no Rio de Janeiro

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Maria Clara Martins Cavalcanti

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Autor: Maria Clara Martins Cavalcanti
Ano: 2023
Gênero: Acadêmico, Cultura, Samba
ISBN: 9786598034214
Páginas: 280
Selo: Multifoco

Descrição

AFINADA NOS TAMBORINS: O FEMININO NO SAMBA

 A cor e o corpo: Uma história feminista do samba e do carnaval no Rio de Janeiro é fruto de uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas, resultando primeiro em uma dissertação de mestrado e, agora, em livro. Em suas páginas é possível encontrar uma contundente crítica feminista às narrativas históricas sobre o samba e o carnaval, que frequentemente reiteram estes como espaços de criação masculina. Este texto, por um lado, faz uma análise crítica às canções celebradas neste universo e que, por muitas vezes, difundiram imaginários misóginos e racistas sobre o corpo e a existência das mulheres, especialmente das mulheres negras. Por outro, elucida a histórica e imensa contribuição feminina e feminista na constituição do samba e do carnaval como as potências, políticas e culturais, que são hoje. 

O primeiro capítulo deste livro – no olhar para os discursos presentes na cultura e na produção intelectual sociológica – espera entender em que medida as canções e as celebrações carnavalescas podem ter contribuído para afiançar o mito da democracia racial, sua aceitação e divulgação. Aqui, a busca se direcionou para reflexões que abarcam as formas com que as questões de gênero e raça atravessam as narrativas das canções e se relacionam com um projeto de identidade nacional em voga – e especialmente interessado na questão da mestiçagem -, construído e disputado pelos braços do estado varguista e por diversos intelectuais do período. 

No segundo capítulo procuro estabelecer relações – de proximidades e distanciamentos – entre as narrativas presentes nas canções e em romances considerados canônicos da literatura brasileira, a partir da forma com que operam as categorias de gênero e raça. Foram escolhidas duas obras importantes para a literatura nacional, frequentemente lidas por adolescentes no período escolar, com narrativas que se passam na cidade do Rio de Janeiro e com personagens femininas que chamam atenção: o livro Memórias de Um Sargento de Milícias (1852), de Manuel Antônio de Almeida e O Cortiço (1890) de Aluísio Azevedo. Interessa aqui analisar especialmente a constituição da figura da “mulata” e a forma com que desejos, repulsas, violências e celebrações se emaranham neste imaginário. Nesse sentido, não espero apenas realizar um exercício de comparação, mas refletir sobre as maneiras com que esses discursos produzidos no âmbito da cultura se constituem, se relacionam e fazem parte de uma formação discursiva que permeia diferentes manifestações culturais, tensiona os espaços e promove disputas. 

Por fim, no terceiro e último capítulo, procurei me ocupar da questão da autoria feminina, das disputas pelo espaço da criação e das leituras históricas sobre os lugares ocupados pelas mulheres no âmbito da produção das músicas de carnaval. Para isso, procurei analisar os discursos sobre o feminino em uma das maiores e mais importantes exposições sobre a história do samba e do carnaval já realizadas em um museu no Brasil, a exposição “O Rio de Samba: Resistência e Reinvenção” que esteve em cartaz entre 2017 e 2018 no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, este capítulo encerra com uma breve reflexão sobre as críticas feministas ao apagamento histórico das mulheres, ao mito da democracia racial, ao machismo e ao racismo – produzidas pelas próprias mulheres no cenário do samba e por pesquisadoras feministas, especialmente nos últimos anos. Espera entender, portanto, como estas discursividades se formulam como expressões de contraconduta, elaborando existências outras para as mulheres e disputando as memórias sobre estes gêneros musicais. 

É essencial destacar que esta pesquisa procura realizar o exercício de acionar discursividades em diferentes recortes temporais e espaços: sambas e marchinhas de carnaval, a produção literária da segunda metade do Século XIX, textos sociológicos produzidos por diferentes intelectuais durante o século XX, além de composições produzidas por mulheres contemporaneamente. Esse movimento acontece porque a procura aqui é, menos por explicar um fenômeno inscrito em um tempo/espaço determinados, e mais por evidenciar a constituição histórica das tensões baseadas no gênero e na raça que permeiam o cenário do samba e do carnaval e as disputas em torno de suas formações discursivas.